quinta-feira, 23 de julho de 2009

As chagas na correnteza seguem meu rumo

O olhar obsessivo fixo num relógio de parede quebrado me trazia um certo desconforto e isso e ainda considerar o odor de mofo que me fez espirrar, me contorcendo com um frio incomum tomando conta do meu corpo, e ele, continuava ali parado olhando sentado numa velha cadeira de costas pra mim. Algo estranho me trazia receio de me aproximar e logo percebo um murmurar doentio e insistente que chegava a ser estridente, dentro da minha cabeça, como se o inferno fosse um parasita capaz de entrar nos meus pensamentos mais distantes e encontrar meus medos os tornando expostos numa calçada a luz do dia em pleno meio dia. Como um produto a venda em alguma feira, o que me deixava mais inquieto que o de costume me levando a recuar por um breve instante, quando logo em seguida decido avançar e puxar a cadeira pro meu lado ja que faziam exatas 8 horas que estava ali parado a observar essa cena peculiar mas algo conseguiu me me manter sufocado e inerte ali todo esse tempo num transe sem sentido algum e pra tornar a coisa ainda mais excentrica, quando consigo afastar a cadeira e ver o rosto da minha única companhia naquela casa imunda e velha, eu vejo um rossto sem reação com dois enormes abismos no lugar dos olhos e logo surgem neles dois relogios vindo do fundo desses abismos e os ponteiros deles giravam ao contrario, quando vejo isso logo desperto um sorriso que se converte numa cachoeira de sangue enquanto meu anfitrião parece arremedar uma gargalhada que ecoa pela casa e me parece muito mais um lamento pertubador ou berro furioso, dificil de definir e que me coloca a correr pelos corredores escuros e descer escada abaixo até chegar a porta que seria saida, mas quando giro a maçanete estou caindo goela abaixo, mergulhando dentro do meu anfitrião e caindo num rio vermelho de sangue e fogo, que queima e rasga minha pele em poucos segundos eternos que não me disseram nada mas fizeram mais sentido do que anos de conhecimento, coisa que muitos tentam definir ao longo do tempo mas que nesse exato momento não era algo prático pra mim pois não conseguia mais entender se aquilo era o efeito de algum alucinogeno, um pesadelo, cena de um filme de horror ou algo real e estranho acontecendo e me puxando pra baixo, cada vez mais fundo e o ar cada vez mais escasso e quando chego no fundo existe um espelho e ele me mostra onde estou e me afogo e me perco restando apenas alguns segundos do meu corpo boiando sem vida, do meu ego perdendo os sentidos e tudo fica escuro e silêncioso, o silêncio mais aterrador que ja ouvi e os canais todos saiem do ar e todas as máquinas desligadas, quando a programação esta encerrada, so me resta dormir pra nunca acordar ou seria sonhar até voltar a voar? nada disso poderia explicar, nada além do fundo com um espelho e ainda lembro da última visão no espelho, quando quebrado ele se espatifou em estilhaços que fatiaram meu corpo como se estivessem servindo um churrasco de mim...acordo e vejo as machas marcadas na parede, rubras em forma de mão e uma pilha de corpos no escritorio, era dia de pagamento, uma faca na mão e sete tiros a queima roupa me fazem sentir calor, me esquentam e me protegem do frio que antes sentia, vejo meu corpo sendo largado no chão enquanto eu fujo de mim mesmo que tinha acabado de ser fuzilado. O único que não consegui esfaquear foi a mim mesmo e o que ganho em troca? uma rajada de balas. Por um breve momento olho pro céu antes de tudo ficar claro e a luz me cegar e penso que as pessoas vivem pra estampar as capas do jornal da vida de alguém, uma capa com uma máteria policial ,daquelas que quando se espreme o jornal se enche um balde de sangue.

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