segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Apocalipse nas vitrines

Eu tive um pesadelo onde os tambores que anunciavam o juízo final eram as batidas de um funk que embalavam uma enorme bunda falante, que foi engolindo o mundo e toda a existência desse fétido planeta que havíamos transformado numa enorme fossa. Enquanto a bunda ia mastigando cada indivíduo, todos os meios de comunicação , todas as mídias iam registrando o fim desse grande vazio, que atende pelo nome de humanidade e num reality show senil onde os patrocinadores garantem que apesar de todo esse consumo a sustentabilidade iria garantir um desfecho politicamente correto e débil para nosso mundinho. Cada homem e cada mulher estava ligado através de fios que serviam como ponte para as ilhas de cada umbigo garantindo a possibilidade de curtir e compartilhar em tempo real e expressar suas últimas reflexões em 120 caracteres de hipocrisia . Diante desse espetáculo, os enormes tentáculos saiam do ânus gigante levando nossa civilização de volta para o início de tudo, para suas origens, as suas mais profundas raízes, levando a humanidade de volta para a merda. E a monstruosa bunda continuava a rosnar e sugar tudo, ceifando toda a espécie humana enquanto repetia a exaustão um mantra que dizia: "Consuma a minha verdade"

E a humanidade foi ficando atoladinha, foi ficando atoladinha foi ficando atoladinha até sumir dentro de um cu e quem sabe assim, um dia volte em forma fecal para ao menos adubar os vegetais que são mais nobres do que a nossa razão que sempre acabava sendo usada para erguer os alicerces da dor, pois somos os únicos seres que parasitam o sofrimento alheio. No pesadelo eu me encharcava de cerveja enquanto esperava minha vez de sumir e até lá eu podia ouvir o eco das minhas risadas e apesar de todos estarem ligados, todo mundo some sozinho em meio ao seu egoísmo, sem adeus, sem aplauso, sem beijo de despedida e nem as crianças foram poupadas pois elas se tornaram um reflexo da podridão adulta, onde a "maturidade" enforca a mais consciente inocência e toda a espontaneidade morre.

Eis nosso novo e derradeiro entretenimento, aproveite para charfurdar nessa lama você também (enquanto pode...)