sexta-feira, 27 de maio de 2011

Novo limbo

Perspectivas catárticas e catatônicas repetem rotinas autistas
Captam sintonias perdidas
Fazem novos downloads de redes sociais em novo cataclisma
E erguem enredos para novas máscaras
O que parece te leva a crer mas o que te faz crer é só aparência?
Um murro mudo atinge quem enxerga
As vãs possibilidades de ser, perderam o eixo
Lance os conceitos ao futuro para que se tornem passado
Diga outra verdade que se permita mentir
Suicide o óbvio
Enterre a sabedoria de outra noite furtiva
Assuma os méritos por alguma reação
Caindo de cabeça em uma embrionária ilusão
Apaguem as luzes
E aproveitem as novas jaulas do prazer
Paraísos sintéticos ou virtuais
As algemas vão de acordo com o gosto da clientela
Os novos detentos das sensações estéticas

Bem vindos ao novo limbo

Ligações encerradas

Talvez o ânimo e o senso de humor não estejam mais tão em alta como antes e existam as sobras de algumas mentiras no comando e toda a sádica maturidade tenha castrado muitos desejos ou simplesmente chega a um ponto que...uma solução final? os dramas individuais não abalam nem mais as paredes que outrora foram as maiores confidentes. Outra noite de celebração...lamente ou não, não queira entender e se mantenha distante onde a sanidade se faz presente...



As vezes cansa...

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Sessão de brinquedos

Você quer entender o que está lendo?
Deseja realmente descobrir o que se passa aqui dentro?
Mergulhe com a cara no asfalto em algum engarrafamento
Pegue seus santos, heróis e deuses e use-os como tapete
Ainda assim você não vai entender absolutamente nada

Você quer decifrar as frases que escarro?
Ofereça sua face como alvo
Se ajoelhe diante dos meus devaneios caóticos
E você só irá conseguir uma grande porção de nada
Não quero sua bajulação
Seus comentários elogiosos nunca vão me causar combustões
Eu não sigo a vaidade e não dou muita atenção ao ego
Eu apenas vomito

Por que?
Violência gratuita é o meu motivo
Eu não quero seu bem estar
Nunca me interessou lhe proporcionar uma boa leitura
Não sou escritor
Sou um carrasco
Gostaria realmente de ser o açougueiro de toda existência humana
O algoz de tanto egoísmo
De tantos conceitos em delirante supremacia
Nada além de lixo
É que você tem quando diz ter razão
Possui um monte de lixo que vai te entreter
Até seus últimos segundos

Sua vida é letrada, cheia de pudores acadêmicos
De lógica cristã
Fartas doses de bom senso patriota
Uma cabeça cheia de fronteiras
Fala e escrita cheia de amarras ao certo
Você vem aqui e tenta ler algo
Você vem carregado de boas referências literárias, musicais e cinematográficas
e pensa que está lendo algo aqui
Você é analfabeto em esboçar qualquer reação humana
Sua frigidez emocional é de fazer inveja a uma parede
Você nunca vai sentir essas palavras
Porque realmente o seu umbigo está muito bem acomodado em um trono

Você quer entender tanta revolta?
Cague na minha boca! goze na minha cara!
Me esfaqueie até a última gota de sangue jorrar
Não vai fazer diferença
Isso é só o reflexo de sua suposta compreensão
É só a sua piedade refletida tentando acariciar minha cabeça
Suas belas palavras de conforto são nulas
Não preciso de pena
Preciso de munição!
O maior mal que puder imaginar
Ou todas as suas boas intenções
São menores do que o inferno que há em mim

Você não acha que está sendo dramático?
Claro que sim! assim como cômico também
Porque simplesmente quero confundir
Eis sua resposta:
Um espelho refletindo a dúvida
Sua existência patética dissecada ao lado da minha
Eu me alimento da sua podridão
É assim que funciona entre irmãos não é mesmo?
Como Caim e Abel
Um novo holocausto em cada escola
Um novo apocalipse desde o ínicio de tudo
A morte da vida
Sou um parasita sádico
Me saciando em fartos banquetes de sangue

Você quer saber por que escrevo?
Certamente não é pra acariciar sua inteligência e seus diplomas
Não é um boas vindas para poetas, artistas ou músicos
Nem para receber aplausos de vaginas molhadas e escritores boçais
Eu não dou a mínima pra você!!

Você quer saber em que acredito e o que existe de bom na vida?
É muito fácil!
Lembre de todos os preconceitos, da guerra, da fome
De cada resultado de HIV positivo
De protestos anti semitas
Chacinas e estupros no jardim de infância
De todo o abuso de autoridade
Da padronização das idéias
De todas as estátisticas de jovens negros assassinados
E veja o quão humanos nos tornamos
Lmebre que você lembra que um gay foi espancado
E esqueça do ser humano que morre
Porque você precisa dar um nome pro individuo
Rotular para que faça parte de um grupo
Para que seja maioria ou minoria
Para que uma morte seja mais lamentável que a outra
Para que milhões de mortos soe mais aceitável do que "jovem rica mata os próprios pais"

Por que tanta ironia?
Porque você acha que é ironia?
É fato! ninguém encara todas as perdas com a mesma relevância
E se existe um valor maior em algumas vidas
Enquanto as que sobram se tornam mais um número
Creio eu que existe algo de errado com o certo e errado
Creio eu que ninguém é realmente bom
E que todo mundo merece ser executado
O que te faz crer que você é um individuo mais valoroso que o cara que mora ao lado?
O que te faz taxar alguém de um possível desafeto
Ou alguém que não lhe interessa se você nem conhece a si mesmo?
Você não conhece ninguém!
Só te importa os seus direitos
E você os usa como desculpa para ser um crápula
Como motivo pra podar o direito alheio

Quantas vezes cuspiu na liberdade de tantos
Porque não sabe nem lidar com a sua
Porque só enxerga o ilimitado quando enxerga o próprio ego
Masturbando vaidade e ejaculando rios de hipocrisia
Transformando auto estima num tsunami
Surfando as custas do sangue derramado de todos que foram julgados como falhos
Fracos, perdedores, deslocados e a margem do funcional esquema robótico de convívio humano
Jogue sua vida no twitter e sinta a ilusória sensação de que não está sozinho
Me enoja toda essa rede social como todas as outras
Extremamente participativa
Em constante interação
Realmente o que se vê é um mundo virtual onde todos se ama
Talvez até de forma extrema
"Como se não houvesse amanhã"
Renato Russo morreu né?
Tá mais que na hora de alguém deixar de sentar no próprio rabo conformista
E cuspir nele e em todas as unanimidades
Escarrar um catarro viscoso em tudo que for intocável
Em qualquer coisa respeitável e que sirva como modelo
Não existe maior letrista
Não existe melhor em nada
Existe uma constante aula
Quem quer estagnar e achar que viver é chegar a um ponto e criar raízes
Ok, seja feliz com sua ilusão que eu sigo com a minha
Siga feliz jogando sua fazenda
Achando sua vida é um reality show e que as pessoas se importam
E que tudo é diversão
Mas não é!
Assim como a vida não é constituída apenas por sofrimento
Por chagas inaladas por todos os poros
Sua dor não é um universo a parte
E mesmo que fosse
Onde vocês estavam quando eu estava prestes cair em ruínas?
Talvez brincando de existir na frente da twitt cam

Por que escrever afinal?
Porque eu tenho asco!!!
E isso me nutre a continuar por direito
Sendo diferente porque não existe nada igual que eu consiga ser
Até tentei
Mas certamente eu não seria seu mero entretenimento para uma "boa leitura"
Ou "passatempo" de uma tediosa noite de meio de semana
Boa noite humanidade!
sucumba diante do fardo de ser um câncer racional
E veja o mundo que habita morrer a cada dia por suportar o fardo
De sua imensa incompetência
Boa noite humanidade!!
Abra a janela pro dia nascer feliz
Com a esperança de um novo e lucrativo hecatombe nuclear
Só precisamos da trilha sonora que recheie contas bancárias
Aquela que move o mercado dependente ou indenpendente e viciado nas esmolas institucionais
Arrume sua arte pra vender
Que fazer o que quer é uma afronta a qualquer direito de existir
Venda qualquer dignidade em uma grande liquidação
E esqueça qualquer desejo espontaneo pois eles são sinônimos de prejuízo
Abrace o fiasco que você é
Que todos somos
E assine embaixo no nosso atestado de óbito
Abra a janela pro dia nascer feliz!!!
Como se a aids fosse a certeza de um novo amanhã
Com toda a afirmação de que o tempo bom que não volta nunca mais
Nunca existiu e não é agora que ele vai se fazer presente
Temos muito armamento pra disseminar o caos
Pra que desperdiçar o que construímos procurando a paz
Que sangre a nova guerra e registre nossa estupidez
Um bom dia que se faz enxergar o nascimento de um novo inferno
Seu nome?
Humano...
Porque não se pode evitar.

Fim...

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Eu quero a ferida que pulsa na tua cabeça e não consegue parar de...

A janela aberta revela fotografias cinzentas
Os pensamentos em fumaça sobem até o telhado
Os morcegos voltam ao seu covil
A noite se despede e da lugar a enfadonha manhã
Com seu sorriso plástico e velhinhos caminhando com sua saúde rastejante

Observe os 80 anos em boa forma
E veja refletida sua doença de 20 e tantos anos
Enxergue dissecada a sua frágil e erronea existência
Tudo exposto por uma caminhada geriatrica
A cama é meu imã e me suga a vontade
Fico ali magnetizado pelo ócio
Em um sedentarismo hipnótico
E o sono a muito tempo se ajoelhou diante das idéias nocivas

Eu costumava brincar com as pedras no jardim
E elas se tornavam naves
E elas eram os meus monstros assustadores
E com elas eu imitava a matéria no jornal
Construindo e derrubando o meu muro de Berlim
As pedras eram amigos tão francos
Podiam ser alienígenas em suas naves espaciais
E com elas eu podia me esconder, perdido no espaço
As pedras rolavam comigo
Mas eu nunca imaginaria que um dia elas iriam parar em tantos cachimbos

O passado turvo e delirante as vezes parece um carro desgovernado
Ladeira abaixo vou de encontro a lembranças de um outro eu
Você já se sentiu um desconhecido?
As coisas que aconteceram talvez não acontecessem mais ou até aconteceriam
De maneira diferente?
Não importa! já era
Foi assim quando bebi minha prova final no segundo grau
Pra que fazer uma avaliação quando você sabe que só vai assinar o nome?
Eu esfrego a minha ignorância supletiva na sua cara acadêmica
Minha incapacidade no seu futuro promissor
Por que?
Porque eu sei aonde vamos parar
Mas é melhor se fazer de cego e ignorar o óbvio
É assim que seus diplomas agem
Minha falácia é tediosa pra sua cultura?
No seu cu(lto) arsenal de meias verdades
Existe uma completa mentira

Tão inteira, assim como eu
Como você! vazio como balão em fim de festa
Sou como essas crianças que destroçam brinquedos
Que ficam nos cantos, encolhidas na parede
Esperando a hora de cuspir insultos
Aguardando a hora de correr chutando tudo
Alheio a tudo
Um homicida autista ateando fogo no seu parque de diversões

Eu tentei aprender a nadar
Mas tem gente que quer te afogar em porra
Eu nunca gostei de números
Eles sempre foram excludentes e falsos
As únicas notas que me importaram eram musicais
Até que um dia aprendi que elas não valiam nada também

Nunca fui músico, muito menos poeta
Não sonho em ser escritor porque catar lixo me soa mais atraente
Não existe arte que transcenda o trabalho de um coveiro
Cavei covas pra todos os meus sonhos
Pra tudo que acreditava e amava
E vocês me entregaram a pá
Cavei fundo e nunca parei
Mas ainda olho la pra cima e vejo o que quero

Pouca me importa os sonhos fálicos
Dos delírios de rock star cercado por putas e drogas
Eu nunca precisei de música pra fazer barulho ou sexo
Nem nunca precisei colocar tudo isso numa santissima trindade
Não sou bom em lidar com o sagrado
Não posso te dar a benção de (mais um) outro ser superior
Seja ele qual for
Mas posso dividir minhas virtudes e falhas e me educar com vocês
Não tenho uma vida que te interesse pra roteiro de filme ou algum livro idiota

Todas as linhas te fazem algum sentido? você se identifica?
Claro que não! você quer sua dor representada por palavras alheias
Eu não vou mais me importar, assim como você também não da a minima
A vida é cruel meu caro
Eu não tenho uma boa história pra você
Mas tenho um amor engatilhado
E passamos a noite rodando o tambor e apertando o gatilho
Estourando nossas cabeças nesse mundo perdido
Só temos uma bala mas ela é suficiente
Nossa roleta russa vai seguindo em frente
Mas olhem pra tudo que arruinaram
Só agora elas tem algum valor
Mas restou o teu lamento que não vale porra nenhuma

Não conheço ninguém que deixe o valor do bolso cheio pra depois
Mas conheço precisa de um funeral pra valorizar
Os "coadjuvantes" da sua vida
E lhe jogam flores e prestam tributos
Homenagens post-mortem geradas por sentimentos embalsamados
Amar deveria ser um cortante ataque revolucionário gerando constantes mudanças
Mas ainda existe quem insista em conservar seu museu de nostalgias empoeiradas
A morte deveria adubar as vidas mas estagna em auto-flagelação ou indiferença covarde

As paranóias ainda me encurralam em becos
Estupram toda confiança que um dia tive na boa vontade humana
Desacreditam todo o conceito de amizade que um dia tanto me importou
Descontruindo os abraços e apertos de mãos mais sinceros que já partilhei
Mas não vivemos numa porra de santa ceia
Partilhar o pão pode ser uma grande traição em alguns casos
Ou uma boa ofensa
Ou uma utopia anti egoísmo ditatorial
O caos é o regente de todos
A perfeição é maior falha que ingenuamente se pode acreditar


Viver sem suor
Viver sem sangue
viver sem lágrimas
É morrer uma vida extensa e tediosa
Cada segundo cortado na minha pele não me torna um mártir
Abra as mãos e faça suas chagas
Seja seu cristo ou espere alguém ser por você
Não importa a fé ou a falta dela
A fé move montanhas mas não consegue se mover sozinha
A fé precisa de você como muleta
É um caminho em comunhão
Sou devoto da vida
Assim como todos
Mas cada um da o nome que quer pra isso

Eu me observo e vejo as idéias flutuarem fora do corpo
Olho pra baixo e elas descem da janela e correm pro banheiro
Dão um grande mergulho na privada
E eu puxo a descarga
Jogo um cigarro e acendo outro
Olho pro céu e penso nas crianças indo pro colégio
E olho pra minha cama vazia e penso em outra cama
Sinto outro quarto dentro de mim
Os pássaros já não cantam mais
O dia nublado se mescla a fumaça dos carros
E o ônibus pede parada aos meus pensamentos
Eles seguem juntos tocando uma guitarra em fuzz naseante
Acompanhado outra prova de fogo da Wanderléia
A prova de envelhecer vivo
Antes que algo muito além da idade te mate
O mundo tenta acabar contigo antes que chegue seu fim
E toda citação é burra assim como a falta dela
Que todo ícone se enfie no cu
E que meu sono chegue
Pois colocaria ele num poster na parede
E iria me recolher ausente camarada
Para a cama vazia e dormir pensando
No quarto que está longe de mim
Por enquanto...