quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Forca

Um passo seguido de outro
A caminho de uma penitência justa
Ao menos é o que se passa na sua cabeça
O fim de tarde é um belo tiro na nuca
Mas seu desfecho não seria tão rápido

Sua jornada chega ao inicio do fim
Quando se depara de frente a uma arvore
Prontamente você pega a corda e prepara o espetaculo
Os passaros em bando alcançam os céus como se fugissem
Te deixam um silêncio companheiro como testemunha

Envolvendo a corda no pescoço você começa a lembrar
Todo o seu patético sentimento de auto piedade
Ele te deixou tão fragilizado que soa até contraditorio que ainda tenha motivação
Pra preparar seu definitivo entardecer

Segurando firme a corda e e prestes a pular
Você envolve a corda no pescoço deixando o nó folgado
Um polo e o nó apertará o pescoço e a liberdade vai estar a poucos segundos do seu
alcance

Um salto a caminho de um segundo eterno
Você sente a corda apertando e seus olhos esbugalhados prestes a explodir
Seu corpo em desespero tenta se salvar em poucos segundos de vida
As veias parecem que querer estourar jorrando algum sentido escarlate nessa cena
Uma bela piada se debatendo e tentando afrouxar a corda no pescoço

O ar vai ficando gradativamente escasso
E um grito ofegante começa a sufocar e tossindo com aquele gosto vivo na boca
Os olhos começam a revirar num branco vazio e morto
Os movimentos vão perdendo a força
E você me olha como se pedisse ajuda

Te vejo como estivesse no seu lugar
Pendurado por uma corda no meu pescoço
E começo a rir descontroladamente imaginando o final dessa piada idiota
Talvez eu devesse ter inveja da sua derradeira viagem
Seus pés que antes pareciam sambar uma batida desconexa
Agoa eles jazem num silêncio desesperado e confortante

Ninguém ouviu seu último desejo
E o vento frio balança seu corpo com uma doçura sutil de um devotado silêncio
Solto a fumaça em direção ao corpo que a a alguns minutos parou de se mexer
Sinto um aperto inquieto e abro o ziper
Começo a mijar na arvore e sinto os pés do defunto baterem na minha cabeça
Logo acima seu corpo desabado se mantem acima por uma corda
Essa mesma corda poderia ter outro sentido

Saio de cena deixando pra trás morte e urina
Ligadas a uma arvore por uma forca
Formando um belo quadro de toda a incapicidade de lidar seja la com o que for
Quem sou eu pra me julgar um juiz melhor?
Só ele poderia se presentear com um veredicto realmente justo
Mas as vezes eu gostaria de poder bater o martelo
E selar o fim de todos com uma simples batida

Caso encerrado! todos culpados por mentirem verdades além das verdades
Justiça cega e surda define em rotulos o que poderia ser enxergado com algum respeito
Mas ninguém esta livre desse crime hediondo
Arquitetamos esse plano como uma quadrilha
E demos um belo nó nessa forca que por pura hipocrisia negamos existir
Seu desejo nunca foi uma ordem mas seu dever sempre foi sua constante divida?

Pague a conta pelo que realmente acredita e mesmo assim não espere um refúfio seguro
Fuga? tente mas pode ter certeza que ninguém consegue
E quando restar algum motivo algo pode te ceifar o mesmo
Sua colheita feliz so gerou frutos podres
E o martelo bate sem cessar
Selando toda culpa que erguemos construindo nossa ruina

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