sábado, 23 de outubro de 2010

Cada inverno cultivado te lançou um outro lado

Lábios gélidos seriam mais intensos que os teus
Esse olhar covarde se espreita entre as vidas que pensas em sugar
Sorrateiro o seu abraço traiçoeiro vem me aprisionar
Entretanto seus apelos não me soam mais corentes aos meus
Sua voz soa como um sussurro cortante e distante
Lâminas em brasa rasgam a alma e traçam um novo começo
De um fim que que geramos nutrindo seu hesitar
Construindo o meu insistir quando já havia chegado a hora de parar
O solo não sustenta o que erguemos pois é maior do que o que poderiamos ser
Agora eu arrumo as malas e te deixo a casa e a chave dela
O que aprendi jogo na bagagem e viajo pra dentro da minha cabeça
Num lugar distante onde ninguém nunca mais me encontrou
E a razão pra tal postura nunca será de sua autoria
Alguns sempre foram perdidos ou simplesmente não conseguem se achar
Talvez nem queiram
Pois poderiam encontrar algo mais que suas ilusões febris
Mas quem garante a verdade que vivem em seus caixões
Onde cada prego martelado foi escolhido voluntariamente?
Nos resta apedrejar qualquer mão que venha afagar ou esfaquear
E assim erguemos o respeito a toda opressão
Partilhamos todas as mentiras e no fim
Eu e você somos apenas uma lembrança
E talvez nem tenha acontecido

2 comentários:

Anna Apolinário disse...

sempre que te leio tenho uma sensação de claustrofobia e agorafobia...
palavras incisivas, que matam sem derramar sangue...

abraço

silvioafonso disse...

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Gostei tanto deste blog
que resolvi segui-lo.
Siga o meu e sejamos
amigos.

silvioafonso.









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