terça-feira, 9 de novembro de 2010

Uma canção estilhaçando a alma

Nuances de uma intensa apatia
Espreitam junto a um tédio parasita
Seu incomodo estomacal diante da mesmice
Impera um peso em seus dias
Que sufoca num mentir constante

Um beijo arranca mais que os lábios
A vida violada das cidades podres
Nesse insistente caminhar a formigar passos
Num certeiro golpe de bisturi tecendo odes
A alguma guilhotina coagulando quadros
Pinturas expressionistas das dores em cores

Sorrisos em preto e branco
Num filme mudo e dadaista de baixo orçamento
Violinos em fúria rasgam ouvintes que já não escutam mais
As batidas apocalipticas anunciam seu novo tormento
Segredos esfacelados alimentam gaivotas no fim do cais
O sol se põe em declinio isolado no vento frio que clama a noite

O problema sempre foi você no reflexo do fundo da privada
Em instantes a imagem refletida é enterrada em vômito
Puxe a descarga e sele seu desfecho
As idéias confusas explodem acordes na mente distorcida
Microfonias em chamas inaudiveis de um lamento atonal
Dodecafônico desejo além do que oferece seu desespero anal

A música concreta contida nas orgias dos quartos ao lado
Distantes orgasmos que assombram seu sono
As paredes e o teto ressoam o silêncio de sua cabeça desolada
Um deserto de sensações amargando cada gota
Se esvaindo em sangue se perde outro sonho

Auto ajuda contida num gatilho
Gire o tambor e feche os olhos
Eu espero um estrondo seguido de um jato vermelho
O trovejar das palavras a queima roupa
Tornaram todos, inválidos tiros
Ao nada perfuram a carne
Enquanto tua boca dilacera qualquer existir
A alma arde acima da pele
Queimam com a polvora num secreto calar
O desespero confortante do silêncio que decreta o fim
Outro inicio prestes a acabar
Enquanto recolho pedaços de mim
Amem seu persistente amém
Até qualquer coisa nos separar
A morte andou perdendo sua credibilidade
Enquanto as luzes continuam acesas na cidade
E a fumaça faz a prévia de mais um amanhecer
Uma devassa solidão ensolarada nasce
No lugar de outra noite perdida em carne viva

3 comentários:

Priscila Canuto disse...

assustadoramentee real !
muitoo bom o texto Igor !

Um brasileiro disse...

oi estive por aqui.muito interessante. apareça por lá. abraços.

MADALENA MOOG disse...

Já li melhores, seus... hehehe...